Acordo no Porto de Lisboa aprovado em plenário

Luta vitoriosa<br>dos estivadores

O acordo al­can­çado sexta-feira entre o sin­di­cato e as as­so­ci­a­ções pa­tro­nais do Porto de Lisboa é uma im­por­tante vi­tória da uni­dade e da luta.

Foi posto um travão ao avanço do tra­balho pre­cário

Em ple­nário, na se­gunda-feira de manhã, no Grupo Spor­tivo Adi­cense, os es­ti­va­dores do Porto de Lisboa apro­varam por una­ni­mi­dade o acordo que re­sultou de uma reu­nião, no dia 14, entre re­pre­sen­tantes do Sin­di­cato dos Es­ti­va­dores e das as­so­ci­a­ções de ope­ra­dores por­tuá­rios AOP e AOPL, com me­di­ação do pre­si­dente do Ins­ti­tuto da Mo­bi­li­dade e dos Trans­portes e também com a par­ti­ci­pação da fe­de­ração sin­dical In­ter­na­ti­onal Dockwor­kers Council (IDC).
Após o ple­nário, em con­fe­rência de im­prensa, o pre­si­dente do Sin­di­cato dos Es­ti­va­dores, Tra­ba­lha­dores do Trá­fego e Con­fe­rentes Ma­rí­timos do Centro e Sul de Por­tugal, An­tónio Ma­riano, con­si­derou que foi al­can­çado um acordo muito sig­ni­fi­ca­tivo, sobre vá­rias ma­té­rias, que mo­ti­varam uma dura e pro­lon­gada luta dos tra­ba­lha­dores, a qual foi agora le­van­tada.
Foi acor­dada a rein­te­gração dos 47 tra­ba­lha­dores da A-ETPL (as­so­ci­ação-em­presa de tra­balho por­tuário, res­pon­sável pelo for­ne­ci­mento de mão-de-obra aos ope­ra­dores) que foram des­pe­didos em 2013. Com con­tratos sem termo, serão rein­te­grados os 18 que foram dis­pen­sados em Ja­neiro, en­quanto os 29 que foram des­pe­didos em Junho serão «co­lo­cados sempre que ne­ces­sário, na qua­li­dade de tra­ba­lha­dores da A-ETPL, como even­tuais» – re­fere-se no do­cu­mento. Esta si­tu­ação será ava­liada até ao final do ano, «com vista à me­lhoria do seu vín­culo con­tra­tual».
A as­so­ci­ação-em­presa Porlis, criada com a mesma ac­ti­vi­dade e os mesmos cli­entes da A-ETPL, não irá ad­mitir mais tra­ba­lha­dores, se­gundo o acordo subs­crito dia 14, até ao fim da ne­go­ci­ação de um novo con­trato co­lec­tivo de tra­balho. Esta de­verá de­correr «pre­fe­ren­ci­al­mente até Se­tembro de 2014» e «du­rante essa ne­go­ci­ação, as partes pro­cu­rarão en­con­trar uma so­lução, de modo a que os tra­ba­lha­dores da Porlis sejam in­te­grados na A-ETPL».
Do acordo constam igual­mente os termos de uti­li­zação dos tra­ba­lha­dores no Porto de Lisboa: «Pri­meiro, são co­lo­cados os tra­ba­lha­dores da A-ETPL com con­trato sem termo; se­gundo, são co­lo­cados os 29 tra­ba­lha­dores da A-ETPL, para as fun­ções para que es­ti­verem ha­bi­li­tados; ter­ceiro, são co­lo­cados os ac­tuais 26 tra­ba­lha­dores even­tuais da A-ETPL e os 21 tra­ba­lha­dores da Porlis, em con­di­ções de igual­dade e em razão das fun­ções para que es­ti­verem ha­bi­li­tados».
Ficou ainda acor­dado que cada uma das partes vai «en­vidar todos os es­forços e bons ofí­cios, no sen­tido de pôr fim aos pro­cessos dis­ci­pli­nares, contra-or­de­na­ci­o­nais e ju­di­ciais em curso».
Co­men­tando o im­pacto e a di­mensão das lutas dos es­ti­va­dores, An­tónio Ma­riano sa­li­entou que «só nos ba­temos pelo em­prego, não foi por nada do outro mundo». Ci­tado pela agência Lusa, o di­ri­gente con­tra­riou a ideia dra­ma­ti­zada de uma greve pro­lon­gada, afir­mando que «em 2012, houve uma greve vi­o­lenta, mas em 2013, dos seis meses em greve, só pa­rámos um dia» e «nos ou­tros dias, o mí­nimo que tra­ba­lhámos foram 20 horas em 24.
De­pois de lem­brar a po­sição do sin­di­cato e do mo­vi­mento sin­dical in­ter­na­ci­onal dos es­ti­va­dores, de­sig­na­da­mente do IDC, contra a des­re­gu­la­men­tação do tra­balho por­tuário na União Eu­ro­peia, An­tónio Ma­riano in­formou que vai re­a­lizar-se em Lisboa, nos dias 4 e 5 de Março, uma reu­nião dos sin­di­catos eu­ro­peus dos tra­ba­lha­dores deste sector. No dia 6, com a par­ti­ci­pação do IDC, o sin­di­cato e as as­so­ci­a­ções pa­tro­nais vol­tarão a reunir-se.

A Fec­trans/​CGTP-IN con­si­derou que o acordo no Porto de Lisboa «cons­titui um recuo im­por­tante na ofen­siva contra os tra­ba­lha­dores, só con­se­guido com a de­ter­mi­nação, numa luta dura que contou com uma forte so­li­da­ri­e­dade in­ter­na­ci­onal e na­ci­onal».
A aber­tura de um pro­cesso de ne­go­ci­ação co­lec­tiva, a in­ter­rupção ime­diata do pro­cesso de pre­ca­ri­zação das re­la­ções de tra­balho (que es­tava em curso, com a subs­ti­tuição dos ac­tuais es­ti­va­dores por con­tra­tados a prazo), a re­ad­missão dos tra­ba­lha­dores dis­pen­sados e a pa­ragem do pro­cesso que apon­tava para a even­tual fa­lência da A-ETPL são re­al­çados na nota que a fe­de­ração di­vulgou an­te­ontem.

 

PCP saúda

O Sector dos Trans­portes da Or­ga­ni­zação Re­gi­onal de Lisboa do PCP saudou, na terça-feira, «a vi­tória al­can­çada pelos es­ti­va­dores do Porto de Lisboa», des­ta­cando três as­pectos que lhe dão im­por­tância:

- ga­rante a in­te­gração plena e ime­diata de 18 dos tra­ba­lha­dores des­pe­didos e a pro­gres­siva in­te­gração de ou­tros 29, mas com ga­ran­tias ime­di­atas de tra­balho;

- toma me­didas para travar o pro­cesso de fa­lência frau­du­lenta da A-ETPL e aponta para a in­te­gração nesta da Porlis, com ga­ran­tias para os seus tra­ba­lha­dores;

- repõe o pri­mado da con­tra­tação co­lec­tiva, rom­pido pelo Go­verno com a Lei do Tra­balho Por­tuário.

O PCP «su­blinha a im­por­tância de que a uni­dade e de­ter­mi­nação dos es­ti­va­dores do Porto de Lisboa se man­te­nham, no pro­cesso que agora se inicia», aler­tando que, «a par da ne­go­ci­ação co­lec­tiva, é pre­ciso in­ten­si­ficar a vi­gi­lância em de­fesa da A-ETPL, pois não é de ex­cluir que as in­ten­ções pa­tro­nais agora der­ro­tadas res­surjam com novas tác­ticas amanhã». Aos es­ti­va­dores do Porto de Lisboa é as­se­gu­rado que «podem con­ti­nuar a contar com a ac­tiva so­li­da­ri­e­dade do PCP».




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